BULLYING E À VIOLÊNCIA NA ESCOLA

 

7 de Abril
DIA NACIONAL DE COMBATE AO

BULLYING E À VIOLÊNCIA NA ESCOLA

 

Convidamos você e sua família a refletirem sobre o tema através da leitura do texto abaixo.

 

 

É TEMPO DE SER COMO DAVI


Abril chegou e trouxe consigo a oportunidade de pararmos para encarar um problema que assola as escolas mundo afora: o bullying. Como erradicar de nosso convívio uma questão tão gritante, e, ao mesmo tempo, por vezes, tão silenciosa? Vamos explicar o que é o bullying? Acho que todos já sabemos definir essa forma de violência repetitiva. O fator novo – para alguns, pelo menos – talvez seja entender o nome dessa forma de intimidação dentro da lei brasileira desde janeiro de 2024: crime. Sim, bullying e ciberbullying são tipificados no Código Penal brasileiro como crimes. Em casos graves, passíveis de gerar pena de 2 a 4 anos de prisão para o agressor. Não importa se é na escola, numa plataforma de jogos, num grupo de WhatsApp... na forma da lei, não é brincadeira: é crime!

 

No entanto, enquanto escola, nosso principal foco não está na vigilância e na punição. Nossa contribuição tem como mote primordial a formação. Nosso objetivo é promover a reflexão e a correção de rota daquele que comete esse tipo de infração, mas também de garantir que eventuais vítimas encontrem condições de garantirem seu desenvolvimento social pleno. Afinal, como compreender fórmulas matemáticas, referências históricas, conceitos físicos, análises sintáticas quando estamos inseridos em um ambiente hostil? Nesse sentido, queremos que toda a comunidade escolar esteja munida de coragem e sabedoria para que não haja espaço para forma alguma, seja física ou simbólica, de violência em nosso cotidiano.

 

Para atingir esse objetivo, a conversa hoje é com dois públicos: os que se sentem intimidados pelo bullying e os que percebem as tentativas de intimidação, mas simplesmente as ignoram por não saberem como agir ou por medo de retaliação. Para isso, vamos usar um episódio emblemático para a tradição cristã ocidental: a luta do pequeno Davi contra o gigante Golias.

Golias estava lá, dia após dia, erguendo sua voz como um trovão. Ele zombava, humilhava, fazia o exército de Israel se sentir pequeno, fraco, incapaz, mesmo dentro de seu próprio território. Ele não precisava levantar a espada para derrotá-los — bastava sua boca. Ele dizia: “Vocês não valem nada!”, e os soldados começavam a acreditar. “Vocês nunca vão me vencer!”, e a esperança se desfazia. O medo vinha antes de a batalha começar.

 

Assim é o bullying. A repetição das ofensas não apenas machuca, mas planta uma semente de dúvida: “E se for verdade?” Freud, pai da Psicanálise, descreveu isso como a introjeção — um processo em que adotamos como nossas as vozes que ouvimos repetidamente. Mesmo que, no fundo, saibamos que não são reais, elas nos habitam. Passamos a ver a nós mesmos com os olhos do agressor.

Foi isso que Golias tentou fazer. Foi isso que quase funcionou.

 

Não funcionou, porque surgiu Davi. Um jovem pastor, um homem simples de baixa estatura. Menor que a média dos homens de sua época, bem longe da envergadura do gigante que afrontava seu povo e sua cultura. Ele ouviu as mesmas ameaças, os mesmos insultos, mas não deixou que a voz de Golias se tornasse a sua própria. Ele sabia que seu valor não dependia do que o gigante dizia. Ele conhecia sua força, sua história, sua fé. Ele tinha convicção da grandeza dos seus valores.

 

Davi não foi tolo. Ele não tentou ser quem não era. Não pegou uma espada maior do que ele, não vestiu uma armadura que não lhe servia. Para vencer Golias, o jovem pastor de ovelhas não se igualou ao filisteu valentão: não usou os mesmos métodos, tampouco aceitou embarcar num método de combate que favorecia a força de Golias e só ressaltaria sua limitação. Em vez disso, usou sua inteligência, sua estratégia, sua confiança. Ele sabia que, para ter a mínima chance de vencer, não poderia ser no seu “braço”. Assim, articulou um ataque à distância e, com uma simples funda e cinco pedras, ele venceu o gigante.

 

E o que isso nos ensina?

 

Que não precisamos aceitar o que dizem sobre nós. Que as palavras de um agressor não definem quem somos. Que ser diferente não é um problema, mas uma ferramenta. Deus fez cada um de nós com um propósito, e não há insulto que possa mudar isso. Uns são altos, outros baixos, uns são gordos, outros magros, uns são bons em matemática, outros são bons contadores de história, mas todos têm o que, ao longo da vida, será preciso para que o propósito divino se cumpra em sua existência. Entendamos, então, que, assim como Davi, temos a opção de escolher não lutar do jeito que o inimigo quer, mas com inteligência e estratégia.

 

O agressor quer que acreditemos que somos pequenos demais, fracos demais. Mas a verdade é que nossa força não está na aparência, nem no tamanho. Nossa força está em sabermos quem somos e em não deixarmos que os outros escrevam nossa história. Sendo assim, não abaixemos a cabeça. Não aceitemos a voz do gigante. Peguemos nossa funda (nossos sonhos), nossas pedras (nossos valores), nossa fé e sigamos em frente. O mundo pode gritar, mas só você escolhe a voz que vai escutar. É tempo de ser como Davi. Em vez de o “gigante” assustador entrar em nossa mente, que o orgulho de ser quem somos e de honrar os valores que temos sejam “pedras estratégicas” para nos enchermos de coragem e atingirmos a testa do gigante de modo que ele seja – finalmente – derrubado.

 

Por Professor Carlos Junior
ESCOLA NOVAERENSE

 

 

Quando só um lado se diverte, não é brincadeira, é BULLYING!